quarta-feira, 19 de agosto de 2009

E quando não estás, carrego-te comigo.


Sinto a tua falta como se tivesse perdido uma parte de mim, um pedaço. Ando me arrastando desde que partiste, fazendo corpo mole para o trabalho, demorando mais tempo pra levantar-me. Ainda que por um curto espaço de tempo, é como se me faltasse um membro. Meu corpo acostumou-se com o encosto que fazes com os ombros e como que um ritual que fazes até que eu pegue no sono. Como uma criança mimada que não sossega até ser embalada. Acostumei-me com as combinações de tempo. A rotina nossa. E desde que nos conhecemos tenho aprendido a doar-me mais. A gostar menos de estar sozinha. Construímos nosso cotidiano. Não és mais acessório, permanece. Tu me bastas. E quando faltas imagino-te próximo, sentando-se comigo para o café, me acordando com aquelas brincadeiras que pareciam estranhas, mas que são só disfarce, a maneira que tens de mostrar-me que quando acorda está feliz que ali do lado eu esteja. Carrego-te nos bolsos e ando na beirada da rua como se logo ao lado estivesse tu, naquele teu jeito de me encurralar na calçada dizendo que é proteção. Mantenho as mãos juntas como se eu pudesse apertar teus dedos. E em cada pedaço do dia enxergo-te de alguma maneira. Carrego-te em meus poros, na pele arranhada e mordida, marcada pela feracidade de quando me toma como tua. Carrego-te pra baixo e pra cima, comigo.