quarta-feira, 1 de abril de 2009

Devaneios

Me expresso melhor quando escrevo. Queria eu ser mais prática e menos indecisa. O sorriso, dizem, é a característica que sobressai. Quem me conhece melhor, sabe que não sou sempre a mocinha, já fui vilã algumas vezes. Não simulo afeição, eu te amo é frase cara. Já os homens, usam de muita falácia com nós mulheres. O meu fraco são as palavras, os homens mais inteligentes que eu, não pela astúcia, pelo conteúdo. Prefiro-os leais à fiéis. Já o amor é inegavelmente belo, mesmo para aqueles que já colocaram sua existência à prova. Não tolero qualquer companhia e muitas vezes fico com os filmes, preciso de uma dose diária de solidão. Escrava das minhas vontades por forte egoísmo, sou intensa no que faço, consequentemente de extremos. Não sei ser metade, sem que isso seja visivelmente notado. Tento me manter no controle e não tirar facilmente os pés do chão. Hoje eu sei que uma parte deve existir fora dos sonhos, para diminuir o impacto da queda. Mais uma de minhas vãs teorias que não consigo por em prática. Coleciono-as. Vivo em constante devaneio. Já assisti a filmes que mudaram minha vida, até o dia seguinte...Há duas partes de mim que não se entendem nunca. É a contradição. Para mim, a característica mais forte. Nem sempre uma idéia exclui a outra. Um gosto. Uma pessoa. Até mesmo a alegria e a tristeza são interdependentes. Aparento ser forte, mas sou frágil. Tenho mania de limpeza, mas não sou uma mulher fresca. Reclamo um bocado, mas sorrio para as pessoas na rua. Dou bom dia. Escuto pessoas desconhecidas, muitas delas já me contaram uma vida em um dia. Isso quando quero, do contrário sou amarga e sei ser grosseira. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Sou cínica, sarcástica e irônica, dona de um senso de humor inabalável. Não obedeço a regras sem questioná-las, a menos entendê-las, meu espírito é anarquista. Não espere de mim tristeza por muito tempo. Me refaço. Sou feita de frases e fases, numa eterna inconstância de ser, tenho medo de ser a mesma todos os dias, leva ao enfado. Não sei se defeito, não sou ambiciosa. Ainda acredito que maluco é quem diz que não é feliz. Sempre há um momento no dia em que sou feliz. Seja no sorriso do meu filho, numa conversa amiga ou no alívio que sinto quando coloco os pés em casa e muitas vezes nos meus momentos de solidão. Sou alegre por natureza. Tenho compulsão por doces, em especial chocolates e sorvetes, mas não sou gorda, ainda. Não sou permanente, sou inconstante nas idéias, no humor e nos sentimentos. Não completa. Não menos falha que todo o resto. Descontente. Imperfeita. Impura e profana. Não vulgar. Por hora me pinto como acho melhor e mais certo. Não gosto de animais de estimação. O transporte coletivo e os pombos me tiram a razão. Já com a música transcendo. Pode-se dizer que sou ruim da cabeça e doente do pé já que não gosto de samba e não consigo sequer mexer os quadris para dançar. As crianças de rua não me são banais. Noto-as todas. São vítimas de uma sociedade hipócrita e mal estruturada. Não acho engraçado quando me deparo com erros graves de português, a realidade brasileira é muito triste. Poucos têm acesso à cultura e lamentavelmente se acham melhores por isso. Num País onde o futebol reina e a novela lidera no gosto popular, a literatura, ainda é para poucos. Por fim, sou realista sem ser pessimista. Sou simples e incompreendida, embora seja aquilo que se vê. Desnecessário dizer que tudo isso não me define. Uma análise, nem isso, algumas características fúteis, os tuas observações sempre seriam outras.

Um comentário:

Salve Jorge disse...

Diálogos contigo

Me expresso até se não escrevo. Tropeço. Queria eu ser mais prático nas minhas indecisões. O que sobressai tanto sai que tendo saído já não posso dizê-lo meu. Quem me conhece melhor, sabe que vale a pena o risco, mesmo eu sendo arisco, se a simpatia conquisto, pro meu mundo te confisco. Amar é meu verbo preferido e digo sempre que deve ser dito. Espero pelo dia em que as mulheres dominaram o mundo e farão uso dos homens apenas com fins reprodutivos. Será um mundo muito melhor. O meu fraco é ver tanta beleza até onde ela se esconde. Duvido de homens mais inteligentes que você.. deve ser falácia. Lealdade e fidelidade são duas putas brigando pelo ponto na esquina.. bom é amizade. Amar? Ah, mar.. me navega.. Não sabendo ser sozinho, sempre abro meu caminho a quem tem sabor de vinho. De tão egoísta me faço autruísta, mas nem isso despista a extensa lista do que me falta. Sempre só soube ser pedaço, que ser inteiro sempre foi ilusão. Chutei o controle pra longe e fui voar rumo à imensidão (o chão é ilusoriamente mais belo de cá). Eu adoro a vertigem da queda. Fiz minhas teorias reféns da prática, por mais estática, sempre cabe um empurrãozinho. Já colecionei tanta coisa: revistinhas, cartas, livros.. Devaneio seria meu segundo nome não fosse minha fome de gente. Filmes que mudam ou emudecem a película da minha existência. Eu diria 4 partes. Contraditório e até nisso. A mais forte eu diria a intensidade. Quase nunca. Posto. Que doa. Dialética pura. Espero que entorte pra ficar mais ágil. Detesto mulher fresca. Só rio se desvario escapa das idéias, daí sorrio. Bom dia. Tem tempinho pruma prosa? Não grito, nem pito, se até o chocolate pode ser amargo, por que não você? Ainda quero ver esses lados do teu poliedro. Anarquistas graças a Deus. Um teatro ímpar a cada pedaço, como você diz, pois mais louco é quem me diz.. que não é feliz. Largue o enfado e aceite um fado.. exatamente do seu agrado. Não acredito em nada por natureza, mas vejo a beleza que um filho, amigo ou casa podem trazer.. e me maravilho. Chocolate realmente é um vício e tanto. Rios de inconstância criam uma camada de gordura de gente em você, ainda. Em toda essa mundana imperfeição.. perfeita.. afinal que m não se deleita com as artes do ser enquanto está. Caledoscopia pura. Ias adorar o Marley (meu cão). Me despi da razão, mesmo sem gostar de pombos e eles não tendo nada com isso. Adoro música e acho estilos menos válidos que sintonias. Me empresta esse quadril e vais ver só. O molejo vem de dentro e não de fora. Crianças, lambanças, danças e errâncias e nenhuma definição.. afinal pra que teu chão, se poderia ser o céu? Simples. Mas minhas observações, serão mais canção, na palma da mão, que depois de tantas visões, só ficaram as impressões, que essa sua vastidão não é vã.. e me perdoe o afã, mas não sou de abandonar o que me vicia.